[RESENHA] ÁRVORE INEXPLICÁVEL - Carol Chiovatto
Árvore inexplicável, de Carol
Chiovatto, foi lançado em 2022 pela Editora Suma e pude realizar a leitura em
ebook através da plataforma Netgalley, cedido em parceria pela Companhia das
Letras.
Aqui, iremos conhecer a Diana que está terminando o curso de história na USP e desde jovem, a universitária testemunha fenômenos peculiares que só ela enxerga: breves aparições de uma névoa colorida, próximas a determinadas árvores. Certa noite, ela vê uma ocorrência e percebe que não foi a única a presenciar o estranho fenômeno.
Esse livro foi uma grata surpresa, pois no início da narrativa não imaginei que gostaria tanto. A autora descreve a rotina da protagonista na faculdade e a história se passa no período da pandemia do Covid-19. Dois temas que podem gerar fácil identificação no leitor, mas para mim foram cansativos de ler porque são temas dos quais já estou saturada.
O clichê de “menti/escondi para
te proteger” incomoda bastante no início porque obviamente a desinformação é
muito mais perigosa! Só me senti realmente empolgada lendo a partir do ponto em
que Diana percebe que o que ela achava serem alucinações, na verdade é real e decide buscar
informações. Descobrindo que suas visões significam algo muito maior do que ela
poderia imaginar.
Discordo de algumas atitudes da
protagonista nesse processo devido ao fato da minha personalidade ser muito
diferente, mas são comportamentos coerentes. O que faz ela se afastar por se
sentir traída e magoada, eu pressionaria os envolvidos por estar sentindo ódio
e por querer respostas desesperadamente. Sentir que está enlouquecendo é uma
sensação extremamente desagradável.
Entretanto, há diversos elementos
que me agradaram dentro da história. Como o fato da magia se misturar com a
ciência e apesar dos personagens serem pacíficos isso não significa que sejam
fracos ou inofensivos. Já vi diversas histórias onde os autores/roteiristas tem
medo de colocar reações óbvias nos personagens porque querem manter a história
suave ou manter o personagem 100% bonzinho. Aqui, a Carol Chiovatto é ousada!
Ela permite que seus personagens tenham emoções reais e comportamentos condizentes com a realidade. Afinal, em situações como as apresentadas no livro, nenhum ser
humano ficaria totalmente controlado. Quando os personagens precisam defender
alguém que amam ou já foram muito feridos, eles tomam as atitudes necessárias.
Até mesmo o fato da história se
passar no período da pandemia parou de me incomodar no decorrer da história, pois
isso foi capaz de proporcionar cenários onde seria mais fácil de descrever as
cenas de ação. Que por sinal existem várias! Sendo capazes de empolgar o leitor e de nos fazer temer pela vida dos personagens.
Apesar do início do livro ter
somente o ponto de vista da Diana, conforme a história avança temos capítulo que
acompanham o ponto de vista de outros personagens e isso enriquece e dinamiza a
narrativa.
Há somente uma personagem a qual
questionei uma atitude. Gostaria que tivesse acontecido de uma maneira
diferente, mas entendo que nem sempre o ser humano faz as escolhas certas e/ou tem
total consciência das consequências que podem surgir.
A autora também traz temas
relevantes como representatividade, crítica as dificuldades acadêmicas em
relação à pesquisa no Brasil, corrupção e descaso dos políticos e algumas
empresas com a fauna e a flora.
Sendo assim, apesar do início do
livro não ter me empolgado (algo em torno de 25% de leitura) por conta de
questões pessoais, a história me conquistou e fez com que devorasse o
livro ansiosa pelo final que me deixou muito satisfeita. Carol Chiovatto é
muito criativa e possui uma escrita prazerosa. Qualidades que com certeza me
fazem recomendar a leitura desse livro e desejar ler mais das suas histórias.
📖
- Confira algumas das minhas citações favoritas do livro:
“A vida tinha de ser mais do que um emprego meia-boca, trânsito, cansaço, choro no banho e contas a pagar”
“Pega essa culpa que você tá sentindo e converte em explicações.”
“A gente é da paz, sabe? Isso gerou uma falha de comunicação.”
“Aquela família não queria guerra. Agora, se a guerra chutava a porta e invadia a casa, não havia escapatória; insistir no tom pacifista era render-se à própria aniquilação.”
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