[Série] The Mandalorian - 1ª e 2ª temporada sem spoilers



Senhoras e senhores, olá novamente. Volto das profundezas dos trabalhos acadêmicos como um sobrevivente desse fim de mundo ao estilo apocalipse sanitário para falar com vocês sobre esta obra-prima chamada The Mandalorian.

Brincadeiras (ou não) à parte, venho hoje (depois de um hiato) para comentar com vocês sobre essa produção audiovisual de altíssima qualidade. Nessa série, a Disney acertou muito com Star Wars. Mas, vamos por partes. 

O livro utilizado na foto é "O código do caçador de recompensas", que você pode adquirir na Amazon


Falarei nessa resenha das temporadas 1 e 2, que compreendem os episódios 1 ao 16, a começar pela linha e estilo narrativo. Jon Favreau (diretor, criador e produtor executivo de The Mandalorian) trouxe para o universo de Star Wars uma narrativa do ponto de vista dos Caçadores de Recompensa, um grupo que cumpre apenas o que se pretende com o nome e que foi pouco mencionado nas trilogias. Essa série se passa 5 anos depois dos eventos de Star Wars: O Retorno de Jedi (1983) e temos como protagonista o “Mando” ou “Din Djarin”, um caçador que seguia neutro em sua jornada até que em uma determinada missão ele decidiu agir por si, pensando em si e em sua consciência. 



Quando Mando aparece em sua primeira cena, é como se um caçador de recompensas de algum seriado de velho oeste acabasse de entrar em uma taverna no meio de uma cidadezinha pacata perto de algum deserto. Toda a série foi construída nesse estilo, do posicionamento dos personagens ao estilo de fotografia empregada, cenas de combate e boa parte dos diálogos também. E isso é magnífico! É lindo ver como Favreau adapta esse estilo à Star Wars e também é ótimo ver que a franquia ainda tem MUITO conteúdo de valor para ser explorado. 

Falando dos diálogos, temos ainda dezenas de referências diretas e indiretas aos filmes 1 a 6, nomeadamente (em ordem cronológica): A Ameaça fantasma, O Ataque dos Clones, A vingança dos Sith, Uma Nova Esperança, O Império Contra-Ataca, e O Retorno de Jedi. Essas referências não vêm apenas como citações fracas e sem sentido, apenas como se fossem “cumprir tabela” com o Fã-Service. Na realidade, as referências às outras obras vêm sempre cheias de significados e dão uma profundidade incrível para a narrativa, mesmo que não estejam diretamente envolvidas na trama principal de The Mandalorian. O Mando vive na mesma galáxia muito, muito distante, onde aconteceu uma grande guerra que se arrastou por muitos anos. Então é impossível que não haja referências e citações e é completamente necessário que elas tragam maior profundidade para os diálogos. 

The Mandalorian também segue um estilo de progressão para o protagonista ao estilo RPG (roleplaying game). Mando inicia sua vida, encontra um grande objetivo, e é levado pelo destino a cumprir vários outros pequenos objetivos para, por fim, atingir sua meta final. Favreau foi audacioso nesse ponto pois, quando esse estilo é mal feito vide Star Wars: The Rise of Skywalker, a narrativa se torna cansativa, e fica fácil se perder do objetivo principal. Porém, a audácia veio com uma grande recompensa, ao melhor estilo dos Caçadores da Guilda! Ainda que as side quests tenham esse destino cruel em mãos erradas, em The Mandalorian elas ajudam Mando a estabelecer aliados poderosos, fundamentar decisões e fortalecer seu moral. É através delas também que vemos excelentes conexões entre a série e os filmes. 




Porém, aqui também vemos um “defeito” muito presente nas produções de Star Wars: onde estão os aliens? Veja bem, é uma galáxia muito, muito distante, em que sabemos que existem formas de vida diferentes dos humanos. Até é compreensível que alguns personagens em específico sejam humanos como os Storm Troopers já que império seguia uma doutrina extremamente racista, elevando os humanos em detrimento de qualquer outra forma de vida. Mas isso não faz com que os outros alienígenas não existam. Dessa forma, uma bela oportunidade de corrigir esse defeito em toda a franquia foi perdida. Isso poderia ter sido mudado da mesma forma que foi feito na série animada The Clone Wars, onde em alguns pontos específicos da trama, os protagonistas cedem lugar a outros personagens de raças diferentes, e tiram disso algum aprendizado relevante para sua jornada principal. 

Já que falamos dos Troopers, podemos também falar de seu líder em The Mandalorian. Na obra, o Império Galáctico comandado pelo Darth Sidious, ou Palpatine, era dividido em regiões onde os Moffs governavam. Em The Mandalorian, o primeiro antagonista é Moff Gideon, responsável pelo expurgo dos Mandalorianos em Mandalore. Gideon é interpretado pelo brilhante ator Giancarlo Esposito (Stan Edgar – The Boys). É incrível como Giancarlo tem a capacidade de atuar na pele de pessoas com perfis extremamente racionais quando estão sob pressão. Além disso, ele exala superioridade mesmo quando as coisas estão saindo de seu controle. E isso é formidável para representar um ex-governador do Império Galáctico. 



Outro ponto muito positivo da série é que o sucesso de The Mandalorian abriu portas para que diversas outras obras surjam pelo Disney+, como as séries Ahsoka Tano, Obi-Wan Kenobi, Esquadrão Rogue, Cassian Andor, Lando Calrissian, Rangers of the New Republic, The Acolyte, entre outras. Acredito que essas séries serão também muito bem trabalhadas e enriquecedoras para o universo de Star Wars. Estou contando os dias, mesmo que ainda não haja datas definitivas de lançamentos para algumas delas.

The Mandalorian, para mim, é sem dúvidas uma das melhores obras já feitas além das Prequels (Episódios 1, 2 e 3) e da trilogia original (Episódios 4, 5 e 6), assim como Rogue One. Ah, quero ressaltar que ao final do episódio 16 (S2-Ep8) há uma cena pós créditos! 

E vocês, já assistiram a série completa? O que acharam? Contem aqui nos comentários e fiquem atentos para não darem spoilers. Nos vemos na próxima pandemia resenha!
 


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Criadora do canal Biblioteca da Rô.
Biomédica e apaixonada por livros, séries e filmes.

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