[Resenha] Suicidas - Raphael Montes



Devo dizer que se você é uma pessoa sensível ou tem sintomas de depressão, NÃO LEIA o livro. Como o li durante uma leitura coletiva algumas pessoas desistiram por se sentirem realmente mal. Mas se este não for o seu caso e ainda não tenha lido algum livro do Raphael Montes, comece por este... Ele lhe dará uma percepção melhor sobre os outros livros. 

Os corpos de 9 jovens e uma Magnum 608 foram encontrados em um porão. O que teria levado universitários da elite carioca - aparentemente sem problemas - a participarem de um roleta-russa?

Um ano após tal evento violento e bizarro surge uma nova pista. O caderno escrito por Alê, um dos suicidas, foi mantido em segredo pela polícia. Sendo assim, a delegada Diana Guimarães reúne as mães desses jovens para tentar entender o motivo daquilo tudo.



O livro possui três focos narrativos intercalados: os capítulos da conversa da delegada com as mães, a leitura do caderno do Alê sobre o dia dos suicídios e anotações sobre eventos anteriores. E por mais que isso gere uma certa pressa pelos capítulos do dia do suicídio os outro possuem situações interessantes e de extrema relevância para resolução do caso.

O autor consegue escrever uma excelente trama, mas constantemente nos mostra o que pode existir de pior no ser um humano. A primeira vista poderá achar que determinadas atitudes são absurdas, mas o ser humano é capaz de coisas realmente cruéis e é isso que gera toda a tensão durante a leitura.

Outro fator que pude observar foi o fato de todos os jovens serem mentalmente fracos, insanos e desvirtuados moralmente. Provavelmente gerados por uma infância conturbada ou excesso de liberdade e impunidade. O dinheiro e status era tudo que eles possuíam! Todos os problemas podiam ser resolvido de maneira racional, com acompanhamento psicológico ou se poderia seguir em frente sem precisar enfiar uma bala na cabeça, mas eles não tinha estruturas psicológicas para compreender isso.

Este livro nos traz uma sensação estranha em relação aos personagens. Constantemente você acha que a delegada esconde alguma coisa, as mães são desprezíveis e os jovens piores. Devorei o livro querendo descobrir o que realmente aconteceu naquele porão, mas no decorrer dos capítulos eu não conseguia desejar que algum deles estivesse milagrosamente vivo, porque eram tão desprezíveis ao ponto de não me importar.

As únicas pessoas que eu consegui ter empatia foram Dan e sua mãe. O jovem com síndrome de down, que foi envolvido em um jogo de manipulação, e sua mãe, que com o desespero pelas pessoas aceitarem o seu filho foi enganada por quem ela acreditava serem amigos do filho. 

Não sei se o autor conviveu ou convive com alguém que cuide de uma pessoa portadora de necessidades especias, mas o desespero da mãe é descrito perfeitamente. A vergonha perante as crises de uma criança especial enquanto todos a sua volta apenas olham julgando sem oferecer ajuda, o sentimento de prisão de ter que está ali para servir as necessidades da pessoa para sempre, mas quando a perde fica sem rumo.

Mas o que poderia causar tanta curiosidade para saber o que aconteceu no porão se roleta-russa é a pessoa atirar na própria cabeça? Que tipo de diálogo tão importante poderia existir? Digamos que a roleta-russa não ocorreu como deveria, o "estado dos corpos" encontrados e o que levou a isso é o suspense que o autor vai lhe dando respostas em pequenas doses até um plot twist de cair o queixo.

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Criadora do canal Biblioteca da Rô.
Biomédica e apaixonada por livros, séries e filmes.

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