[Série] O Mundo Sombrio de Sabrina


Quando a Netflix anunciou que teríamos uma série sobre a bruxa adolescente Sabrina eu fiquei imediatamente feliz. Sabendo que não seria algo no estilo de comédia dos anos 90 e sim algo sombrio fiquei ainda mais empolgada.

Antes de falarmos sobre a série em si, um recado para quem não assistiu Riverdale (assim como eu): Não se preocupem! A ligação se limita apenas a algumas menções da cidade vizinha. Sendo assim, você não precisa assistir Riverdale para assistir O mundo sombrio de Sabrina, caso não queira.


O mundo sombrio de Sabrina é uma série baseada nos quadrinhos Chilling Adventures of Sabrina. A série gira em torno de uma bruxa adolescente que se nega a assinar seu nome no Livro da Besta por não querer abandonar totalmente a vida humana e o livre arbítrio. Um lado lhe oferece poder e de longevidade e outro o amor e as amizades. Clichê? Sim. Mas eles desenvolveram melhor do que o que eu esperava.

Fiquei bem satisfeita ao ver que a proposta de ser algo obscuro foi cumprida com sucesso. A série traz cenas com choque visual e repulsa. Também está recheada de referências a grandes títulos do terror como: Exorcista, O bebê de Rosemary, A morte do Demônio, Jovens bruxas, Cemitério maldito, O iluminado, The Lottery (conto de Shirley Jackson, não publicado no Brasil), entre outros. Tudo se encaixa perfeitamente. Mas mesmo com todo esse conteúdo não é aterrorizante para te fazer dormir de luz acesa. Na verdade, instiga a curiosidade! Algo que me fez virar a noite assistindo a série inteira!


Mesmo que não estivesse na proposta ter cenas engraçadas, eu ainda consegui rir assistindo. As bruxas são adoradoras do Lorde das Trevas e frases como “amaldiçoado seja” me fizeram rir devido a naturalidade que são faladas. Mas para pessoas religiosas talvez seja incômodo ver personagens satanistas tão abertamente.

O enredo, até o momento, apresenta uma premissa simples. Então, o ponto forte da série se torna o desenvolvimento de alguns personagens. A Sabrina (Kiernan Shipka) é o retrato de uma adolescente que se acha “dona da verdade” e que pode mudar o mundo. Ela pode até carregar alguns ideais, mas tem atitudes impulsivas e típicas de uma adolescente ingênua e inexperiente. O que leva a ser manipulada ao mesmo tempo em que está lutando pelo o que acredita. Mas temos que admitir que o que lhe falta em experiência ela tem de coragem.


Ambrose (Chance Perdomo), era o personagem que eu não esperava e que simplesmente me conquistou. Ele é o primo da Sabrina que está em prisão domiciliar. Ele constantemente disfarça a tristeza da sua prisão através de comentário irônicos e engraçados. Ao mesmo tempo ele se comporta como um irmão mais velho da Sabrina. Protegendo, orientando e até mesmo brigando com ela.

As tias Hilda e Zelda podem ser descritas como a “tia boazinha” e a “tia rígida”. A Tia Hilda (Lucy Davis) é de longe a personagem mais doce da série e há indícios de que provavelmente será mais bem trabalhada na 2ª temporada. Mas o destaque com certeza foi para Tia Zelda (Miranda Otto), que na minha humilde opinião, a personagem mais bem desenvolvida de toda a série. Uma mulher rígida com as tradições e crente em sua religião.  Seu comportamento pode até ser considerado uma crítica ao fanatismo religioso, pois muitas vezes ela se sente culpada pelas escolhas dos membros da sua família não terem a aprovação da Igreja da Noite.  Por diversas vezes, vemos falar em nome da religião sem questionamentos por simplesmente acreditar que o que a religião diz é o certo. Entrando em conflito com seus próprios sentimentos devido ao instinto maternal de proteger a Sabrina e sua família. Mesmo parecendo muito dura e até mesmo cruel, no decorrer da série vemos momentos sensibilidade. Uma mulher que sofre por não conseguir seguir os princípios da sua religião por amar a sua família.


E o Salem? Quando saiu o trailer a grande questão era: o Salem vai falar? Infelizmente, não. Pelo menos na sua forma felina. Acredito que tenha sido a escolha correta. Um gato falante provavelmente iria retirar a seriedade das cenas. Mas este não foi o problema. Logo no início da temporada, Salem se mostra um aliado muito útil e que gera uma grande expectativa para próximas cenas. Ficamos lá esperando o Salem fazer alguma coisa grandiosa, entretanto elas não acontecem!

Algo incomodo na série é o contraste criado entre os dois mundos: humano e bruxo. As amigas e o namorado da Sabrina são “bonzinhos demais”. Enquanto as bruxas da Academia são apresentadas inicialmente como malévolas. O problema é que isso foi feito de uma maneira como que para frisar “lados opostos”, mas sabemos muito bem que nada é 100% bom ou mal. E acabou parecendo muito forçado. As personagens dessas bruxas são desenvolvidas no decorrer da série, mas os amigos da Sabrina se mantem iguais. Isso acaba intensificando o interesse do espectador para o mundo bruxo e pouco se importando com o mundo humano.

Espero que tanto os amigos da Sabrina e o Salem recebam um desenvolvimento a altura dos outros personagens na segunda temporada.


Desde que assisti Dark, não havia uma série que me prendesse tanto e que me deixasse tão curiosa sobre os diversos pontos abertos no final da temporada como esta. O mundo sombrio de Sabrina é uma série destinada ao público jovem, mas pode facilmente instigar um público mais velho (minha mãe está assistindo e adorando).

Agora o que nos resta é esperar o anúncio da data de estreia da segunda temporada. Pelo menos a Netflix vai nos dar de consolo, no dia 14 de dezembro, O mundo sombrio de Sabrina: Um conto de inverno, o episódio especial de Natal. Este acompanhará a Igreja da Noite celebrando o Solstício de Inverno, a noite mais longa do ano.

Quem está ansioso com a 2ª temporada?

 
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Criadora do canal Biblioteca da Rô.
Biomédica e apaixonada por livros, séries e filmes.

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