[Filme] Bird Box

Oi, gente! Hoje vamos falar no filme que balançou a Netflix no finalzinho de 2018: Bird Box.

Bird Box é um filme do gênero pós-apocalíptico, baseado no livro homônimo de 2014 de Josh Malerman. O longa foi dirigido Susanne Bier e escrito por Eric Heisserer.



Logo no início vemos Malorie (Sandra Bullock) dando orientações à duas crianças para obedecê-la, que não devem retirar as vendas e que irão fazer uma viagem muito longa. Em seguida vemos a mesma, no passado, ainda grávida acompanhada pela sua irmã antes do apocalipse começar. Durante a volta para casa, após uma consulta do pré-natal, o pânico invade a cidade. As pessoas estão enlouquecendo e se matando após verem alguma coisa.

Se você ainda não assistiu é importante saber que o foco está longe de ser sobre o que são as criaturas, como é sua forma e porque elas estão aqui. O filme gira em torno da sobrevivência, ligações entre as pessoas e maternidade.

O filme nos mostra, em saltos temporais entre o presente e o passado, as dificuldades da Malorie na viagem com as crianças e em como as coisas aconteceram até ali.



Questões de sobrevivência são exploradas, demonstrando que situações desesperadoras podem fazer vir a tona o pior ou melhor de nós. Da mesma forma que vemos personagens querendo salvar apenas a si mesmos, virar as costas e deixar os outros para morrer, vemos personagens que são empáticos ao ponto de fazerem sacrifícios em benefício do grupo e tendo algumas atitudes ingênuas.

Algo que achei que ficou muito bem feito foi a abordagem sobre a maternidade. Malorie é uma pessoa aparentemente fria e que nega-se a criar laços com as pessoas, incluindo até mesmo seus filhos. Há cenas em que vemos ela treinando as crianças para viverem sem a visão e tirando-lhes sonhos infantis.

Ela deseja que eles estejam aptos a sobreviver, mas inicialmente ela não é capaz de ser uma mãeNo decorrer do filme, Malorie vai cedendo suas próprias barreiras e começa gradativamente a se conectar com os filhos.

Há algumas diferenças entre o livro e o filme, mas os dois são excelentes. A leitura é válida mesmo que você já tenha visto o longa. Por mais que tenhamos a ilusão que algo visual, no caso um filme, seja mais intenso isso se inverte aqui. No livro há cenas muito mais chocantes e pesadas, que acredito que não tenham sido inseridas no longa porque causariam um incômodo muito maior no espectador.
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ATENÇÃO! A PARTIR DESDE PONTO LEIA APENAS SE JÁ TIVER ASSISTIDO AO FILME OU NÃO SE IMPORTE COM SPOILERS.
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Além do conceito pós-apocalíptico podemos ver o filme como uma metáfora relacionada a conexão entre pessoas.

Um exemplo disso é que logo no início uma mulher tenta ajudar a Malorie, mas acaba olhando para a criatura e consequentemente começa a chamar pela mãe e se suicida. Na cena seguinte descobrimos que a mãe dessa mulher morreu há 10 anos. Assim podemos supor que na realidade as pessoas afetadas carregam feridas emocionais. Outra situação que pode confirmar a hipótese é que a Malorie, após a morte do Tom, escuta a voz dele pedindo para que ela retira-se a venda.

Algumas pessoas, que provavelmente, já possuem algum distúrbio psicológico são afetadas de uma forma diferente. Ao invés de se matarem elas entram em um estado de admiração pelas criaturas e desejam mostrar as criaturas a todos.



Durante a cena do nascimento dos bebês, Gary espalha alguns desenhos das criaturas sobre a mesa o que nos faz acreditar que somente os psicologicamente desequilibrados sejam capazes de ver a verdadeira forma das criaturas ou que eles tenham visto a forma que os monstros assumem dependendo do medo ou das feridas emocionais das pessoas que os veem.

Eu, particularmente, achei alguns dos desenhos semelhantes ao Cthulhu de H.P. Lovecraft, que é uma criatura cósmica que se vislumbrada por humanos pode levar a insanidade. Pode ser que os desenhos sejam apenas uma referência meramente ilustrativa, mas na minha, humilde e imaginativa opinião, encaixaria na teoria. Entretanto não há nada concreto vindo dos produtores de que realmente seja tal criatura, tornando o filme multi interpretativo.



Tom foi um personagem importante para que a Malorie pudesse aprender a ter esperança e se tornar forte o suficiente para ir em busca do refúgio. Ele carregava a esperança dentro de si e transmitia isso para as crianças através de histórias.


“A vida é mais do que isso. Está além. Precisa prometer o que talvez nunca chegue. Precisa amá-los sabendo que pode perdê-los logo. Eles merecem sonhos, amor, esperança. Merecem uma mãe.”

Os 5 pássaros no ninho, que ele diz ter visto no topo da árvore, podem ser entendidos como uma analogia de que ele acreditava e sonhava em ter um lar com as duas crianças, a Malorie e futuramente um filho deles.



Normalmente estamos acostumados a ver filmes pós-apocalípticos onde uma cura é encontrada ou há alguma forma de vencer o inimigo. Sendo assim, o final aberto pode incomodar, mas se conclui muito bem. Os cegos representam a esperança, os que aprenderam a conviver com a situação, seguir em frente e construir uma vida naquele refúgio.



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Criadora do canal Biblioteca da Rô.
Biomédica e apaixonada por livros, séries e filmes.

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